segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Linda Martini

Com "Olhos de Mongol"

A banda é constituida por André Henriques na guitarra e voz , Pedro Geraldes e Sérgio Lemos na guitarra, Hélio Morais na bateria, e Cláudia Guerreiro no baixo. O COMBO entrevistou a banda portuguesa de Rock-Alternativo.




Combo – De onde surgiu a ideia para formar os Linda Martini?
Linda Martini – Da cabeça do Sérgio. Na altura eu, o André e ele tocávamos numa banda chamada Shoal e ele sugeriu fazermos um projecto paralelo juntamente com O Luis (que era também baixista de Shoal), projecto esse mais virado para o rock alternativo. Entretanto o Luis saiu, entrou a Cláudia e o Pedro e assim se deu origem a Linda Martini.


Combo – Porquê o nome "Linda Martini"?
Linda Martini – Não encontrávamos um nome do agrado de todos e por isso estávamos a adiar a nossa estreia ao vivo. Um dia o Pedro apareceu com esse nome e pelo som, decidimos ficar com ele. É o nome de uma amiga Italiana do Pedro, que esteve a fazer Erasmo em Portugal.


C. - Quase todos os membros passaram por bandas de Punk, Rock e Hardcore. Acham que foi importante passarem por essa experiência antes de formarem os Linda Martini?
L.M. – Claro! Foi aí que aprendemos a fazer as coisas sozinhos. Foi aí que ganhámos rodagem. Foi aí que demos os primeiros toques e foi também aí que todos nos conhecemos. Por tudo isso e por todas as bandas de punk/hardcore que nos influenciaram e deram vontade de fazer bandas, foi muito importante passar por lá.


C. - Como definem o vosso som?
L.M. – Rock!


C. - Consideram-se uma banda de culto?
L.M. – Daqui a dez anos respondo-te.


C. - Qual a reacção do público à vossa música?
L.M. – Depende um pouco dos palcos, das cidades, etc. No entanto não nos podemos queixar muito. Temos sido bem recebidos.


C. - "Amor Combate" é a musica mais aclamada nos vossos concertos. Estavam à espera do sucesso desta música?
L.M. – Nada! É uma música com 5 minutos. Nunca imaginámos sequer que pudesse passar na rádio. Felizmente pegou.


C. - A expressão "Amor Combate" vem de um poema de Joaquim Pessoa, que chegou a ter a letra em inglês. O que vos fez recuar?
L.M. – Não foi um recuo. Sempre cantámos em Inglês até aos Linda Martini. Por isso, foi natural experimentarmos primeiro em Inglês. Depois achámos que seria interessante experimentar o Português e assim foi. Acho que foi mais o facto de ser um desafio.


C. - "Olhos de Mongol" lançado em 2006 é o vosso primeiro álbum depois de uma maqueta gravada. Como foi a reacção do público ao novo álbum?
L.M. – "Olho de mongol" foi o primeiro álbum depois do nosso primeiro EP editado, de nome "Linda Martini", EP esse que tomou forma a partir da nossa maquete. Quanto à reacção, foi bastante boa. A avaliar pelos leitores do Blitz e pelo número de pessoas que aparecem nos concertos, foi muito bem recebido.


C. - O título do álbum "Olhos de Mongol" é uma referência ao escritor norte-americano Henry Miller. Porquê essa referência?
L.M. – É um escritor que todos admiramos. O Pedro um dia citou uma passagem de um dos seus livros em que ele dizia que alguém que nos suscita empatia imediata só através do primeiro olhar, tem olhos de mongol.


C. - O COMBO andou a pesquisar opiniões sobre os Linda Martini e muitos comparam-vos aos Ornatos Violeta. O que pensam disto?
L.M. – Foram uma grande banda e por isso, a compararem-nos, que o façam com os melhores...


C. - Por onde têm andado a banda a tocar? Têm dificuldades em marcar concertos?
L.M. – Por todo o lado. Festivais grandes, auditórios, clubes, etc. Temos dificuldade em rejeitar concertos.


C. - Há perspectivas para edição de um novo álbum?
L.M. – Sim!


C. - Para quando?
L.M. – A ideia é gravá-lo entre o Verão e o fim de 2008. Entretanto entramos em estúdio em Janeiro para gravar um vinil EP a ser editado ainda no primeiro trimestre de 2008.


C. - Sentem que é difícil fazer música em Portugal e que deveria existir mais apoios por parte das rádios e editoras?
L.M. – Sentimos que há poucos apoios do estado, sobretudo. Sentimos que não temos a mínima protecção por parte do mesmo. E quando digo isto, falo de nós "artistas" e não só de nós "músicos". Passas uma vida a recibos verdes, descontas um absurdo de segurança social (mais do que alguém que receba €800 mensais por conta de outrem, por exemplo) e se a dada altura ficas sem trabalho, não tens sequer direito a fundo de desemprego.


C. - Para finalizar gostaria de lançar o desafio e que comentassem uma frase que têm no myspace (http://www.myspace.com/lindamartini ) e que dá nome a uma música da banda "O amor é não haver policia".
L.M. – É uma das possíveis definições do que é o amor para um menino do ensino básico. Encontrámos a frase num livro já bastante antigo e gostámos.


C. - Obrigado por terem aceite fazer a entrevista, o COMBO deseja aos Linda Martini sucesso e que continuem a fazer boa música.
L.M. – Obrigado e boa sorte para o projecto!

Read more...

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Rude quanto baste!! - d3ö

Mais uma vez deparamo-nos com uma banda de coimbra que tem muito para dar, para os mais atentos vão perceber que se trata de uma banda com qualidade que nos dá um som muito próprio. Punk/Rock que de certeza vão gostar ouvir. Os d3ö (lê-se The Trio) são formados por Toni Fortuna (ex-Tédio Boys; voz e guitarra), Tó Rui (ex-Garbage Catz; guitarra, coros e moog) e Miguel (ex-Batwings; bateria, coros), já com uma trilogia de ep´s e com uma atitude Punk e um som rude, encontram-se com uma carreira bem vincada com concertos no estrangeiro.


O COMBO entrevistou a banda de Toni Fortuna os d3ö.


- Após 3 ep's lançados ate 2005 e de inúmeros concertos como se encontram os d3ö?
Encontram-se bem de saúde, e a tocar ao vivo que é o que mais gostam de fazer.

- O que mudou após "7HeartBeatTracks"?
Depois desse trabalho, já gravámos músicas novas, em relação à banda não mudou muita coisa...temos conseguido mais concertos e outras salas, umas com mais projecção em termos de público outras nem por isso...mas basicamente continuamos a viver o momento e a querer o mesmo, divertirmo-nos, fazer música e viver a vida.

- Como definem o vosso som?
Rock, por mais abrangente que isso seja.

- No início dos d3o tiveram dificuldades em marcar concertos?
Acho que as dificuldades normais de quem ainda não tinha mostrado trabalho.

- Como ultrapassaram esse obstáculo?
Mostrando o que tinhamos para dar, o empenho com que fazemos tudo o que fazemos, e claro mais contactos.

- Como está a agenda dos d3ö este ano? Por onde têm andado?
Temos andado por Portugal inteiro, Espanha, Inglaterra...e vamos lá ver onde mais...

- De onde vem a inspiração para a vossa música?
De tudo o que nos rodeia, da vida em si.

- Como reage o publico ao vosso som?
Tem reagido muito bem, o que importa é que haja realmente reação, e isso tem havido, sempre. A apatia incomoda.

- Têm algum concerto que vos marcou quer em termos positivos como negativos?
Existem sempre coisas boas e coisas menos boas, mas nada que valha a pena ficar muito tempo na memória...bola para a frente, amanha é mais um dia, e muito que fazer.

- Há perspectivas para edição de um álbum?
Há sempre perspectivas, há muito tempo, ainda que não tem sido um objectivo, daí ainda não o termos feito.

- Para quando? Como se vai chamar?
Ainda não está nada definido.

- Quais as influências de cada membro da Banda? Que costumam ouvir actualmente?
Ouvimos música, do mais variado, sem grandes restrições.

- Como vêem a cena musical em Portugal?
Acho que está melhor do que estava há uns anos, mas Portugal perdeu muitos anos, e ainda se está a tentar recuperar isso.

- Acham que há espaço para bandas punk/rock em Portugal?
Acho que há espaço para todo o género de bandas, desde que as mesmas se afirmem e levem a sério aquilo que pretendem.

- Que esperam do próximo ano para os d3ö?
Mais concertos, mais trabalho, mais de tudo.

Para saberem mais sobre os d3ö visitem, www.myspace.com/d3orock. Vejam também o video no Top 5 do COMBO.

Read more...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O Optimista

E assim perdi a virgindade com Sua Majestade Infernal


Esta será a primeira de (espero eu) muitas crónicas, críticas, devaneios, (etc.) que este vosso Optimista irá publicar neste inovador projecto de nome Combo, e por isso, antes de mais, gostaria de, desde já, estabelecer as regras deste espaço, os seus objectivos e, principalmente, o que é esta pequena rubrica. “Ora bem, e como vou eu descalçar esta bota?” foi a pergunta que me coloquei ao reler a frase anterior, mas a resposta não tardou a surgir na minha cabeça, regras: não as há!; objectivos: exorcizar os meus fantasmas musicais!; o que é esta pequena rubrica: é, acima de tudo, uma rubrica de opinião, por isso, e antes de começarem a inundar o meu e-mail com ameaças de morte, lembrem-se que o que eu digo (escrevo neste caso) não é Lei… embora nestes assuntos ande lá perto!
Vamos então à crónica propriamente dita!
Esta primeira crónica é inteiramente dedicada a uma banda pouco consensual no meio musical, uma banda que ou se ama ou se odeia, uma banda chamada H(is) I(nfernal) M(ajesty).
Corria o ano de 1991 quando Ville Hermanni Valo, Mikko "Linde" Lindström e Mikko "Migé" Paananen fundam uma banda de covers de nome His Infernal Majesty, mas cedo optaram pelos originais. No ano seguinte sai a primeira gravação da banda, uma demo-tape com o título de Witches and Other Night Fears mas, segundo os rumores, apenas Valo possui uma cópia. Só em 1995 a banda voltou a estúdio para gravar a sua segunda demo, de nome This is Only the Beginning, numa edição limitada a apenas 100 cópias. Um ano depois sai o primeiro EP da banda, 666 Ways to Love: Prologue, que começou a atrair atenções, quer do público e imprensa, quer de editoras e, logo em 1997, apenas um ano depois do seu primeiro EP, os, já então abreviados, H.I.M. lançam o seu primeiro álbum Greatest Lovesongs Vol. 666, que entra directamente para numero 4 do top Finlandês!
Dez anos depois do seu primeiro álbum, os H.I.M. lançam o seu sexto CD de originais, de nome Venus Doom. O que terá mudado em 10 anos na música dos H.I.M.? É isso que este vosso Optimista vai tentar descobrir!
Vamos, então, falar um pouco do Greatest Lovesongs Vol. 666 (GLV666), um álbum que foi uma verdadeira pedrada no charco do chamado Gothic Metal da segunda metade dos anos 90. Composto por 66 faixas (embora 56 destas se encontrem despidas de música) e com 66:06 minutos de duração (começando a música número 66 ao 06:00 minuto), este, à primeira vista, poderia passar por um álbum de Black Metal, mas não podíamos estar mais longe da verdade, na realidade o GLV666 é um álbum bastante melódico e melancólico, aliando o peso dos riffs de guitarra às límpidas melodias vocais. Este é um álbum que parece balançar sempre entre o Doom Metal de uns Black Sabbath e Type O Negative (se bem que estes últimos juntam várias influencias na sua música, como Gothic Metal/Rock, HardCore, etc.) e o Pop Rock de uns U2 ou Bon Jovi. Sendo um álbum de estreia, poderia pensar-se que a inclusão de duas covers no alinhamento do CD demonstra alguma insegurança por parte da banda no seu material original, novamente estariam enganados, as duas covers (a já mítica “Wicked Game” de Chris Issak e “Don’t Fear the Reaper” de Blue Oyster Cult) mostram, isso sim, uma grande maturidade da banda, que não se limitou a simplesmente tocá-las, num lance que seria seguro, uma vez que as duas músicas já têm os seus fãs, mas sim revestiu-as de um charme muito característico dos H.I.M., inovando e acrescentado, mexendo e remexendo no que acharam necessário.
As outras músicas do álbum, compostas quase na sua integridade por Valo, são, por seu turno, o que de melhor se fez nesse ano no seu género, músicas como “Your Sweet Six Six Six”, “Heartless”, ou “It's All Tears (Drown In This Love)” ficaram para a história do Gothic Metal ou Love Metal, como os H.I.M. gostam de apelidar a sua musica, afirmando-se os pioneiros do género.
Dez anos e cinco álbuns depois, Venus Doom!
Tenho que confessar que depois da desilusão que apanhei com o Dark Light (sem dúvida alguma o pior álbum da carreira dos H.I.M., ainda não sei como é que chegou a disco de ouro nos States… quer dizer, por acaso até sei, mas isso é assunto para outro dia…) estava apreensivo quando desembrulhei a encomenda e coloquei o CD na aparelhagem… à primeira audição o espanto! Os H.I.M. dos bons álbuns, os H.I.M. que primavam pela originalidade aliada à competência, os H.I.M. que me tinham maravilhado com Greatest Lovesongs Vol. 666 e com Razorblade Romance(RR) tinham voltado! È a mais pura verdade, desde o RR que os H.I.M. tinham entrado por uma espécie de marasmo criativo, o que não quer dizer que álbuns como Deep Shadows &Brilliant Highlights ou Love Metal sejam maus, apenas tinham perdido um pouco a chama que caracteriza os H.I.M. e que Venus Doom recuperou.
Composto por nove faixas, todas assinadas na sua integridade por Valo, este apresenta-se como um dos álbuns, a par do GLV666, mais pesados da carreira da banda. Músicas como a que dá o nome ao álbum, “Venus Doom”, ou como “Passion’s Killing Floor” levam mais longe a experiência que a banda iniciou em GLV666, fundindo na perfeição Doom Metal e Pop Rock. E depois temos faixas como “Sleepwalking Past Hope” ou “Cyanide Sun” que se tornam clássicos instantâneos da banda logo à primeira audição. Mas desengane-se quem pensa que este é um álbum fácil de digerir, muito pelo o contrario, este é talvez o álbum de audição mais difícil alguma vez composto por H.I.M., cheio de pormenores “escondidos” e de melodias que ora nos beijam os sentidos ora nos pontapeiam o corpo.
Resumindo, Venus Doom é um majestoso álbum, ora não fosse o filho de Sua Majestade Infernal, que aconselho vivamente a toda a gente e que, para melhor tirarem proveito do trabalho que esta banda transformou em música, deve ser ouvido várias vezes, como antes do aparecimento da Internet e, consequentemente, das centenas de álbuns sacados num dia, se costumava fazer com os CDs que tão custosamente comprávamos!
E assim perdi a virgindade (no que a crónicas diz respeito) com Sua Majestade Infernal! Um grande bem-haja e até a próxima!



“E tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis…”

O Optimista
Os H.I.M. são:

Ville Valo – Voz (1991-até ao presente)

Mikko Lindström- Guitarra (1991-até ao presente)

Migé Amour- Baixo (1991-até ao presente)

Janne "Burton" Puurtinen- Teclas (2001-até ao presente)

Mika "Gas" Karppinen- Bateria (1999-até ao presente)


Antigos membros:

Juippi - Bateria (1991-1992)
Tarvonen - Bateria (1991-1992)
Oki - Guitarra (1992-1996)
Antto Melasniemi - Teclas (1995-1998)
Sergei Ovalov -Teclas (1999 apenas em digressão)
Juhana Tuomas "Pätkä" Rantala -Bateria (1995-1999)
Jussi-Mikko "Juska" Salminen - Teclas (1998-2000)

Discografia:
Witches and Other Night Fears- 1992 (demo)
This is Only the Beginning- 1995 (demo)
666 Ways to Love: Prologue- 1996 (EP)
Greatest Love Songs Vol. 666- 1997 (CD)
Razorblade Romance- 1999 (CD)
Deep Shadows & Brilliant Highlights -2001 (CD)
The Single Collection- 2002 (Box)
Love Metal- 2003 (CD)
And Love Said No: The Greatest Hits 1997-2004- 2004 (Best Of)
Dark Light- 2005 (CD)
Uneasy Listening Vol. 1- 2006 (CD de lados B)
Uneasy Listening Vol. 2- 2006 (CD de lados B)
Venus Doom- 2007 (CD)

Read more...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Trabalhadores do Comércio

…E é então que, 12 anos depois, os Trabalhadores do Comércio lançam um novo (e muito bem conseguido) albúm, “Iblussom”! Estivemos à conversa com Sérgio Castro, membro fundador da banda, falámos do novo álbum, dos anos 80, e da sua (já) enorme carreira.
Poderia ser este o início desta entrevista, mas tratando-se da mítica banda do Norte, os “dinossauros” Trabalhadores do Comércio, o Combo achou mais apropriado começar assim:

“O Combo tebe à cumbersa cum gaijo que tóca nos Trabalhadores do Comércio, falámus da carreira da banda, dos anús 80, e do seu nobo álbum Iblussom!
Aqui fica a entrebista! E que benham mais binte e sete anús!”






Combo - Quando o Sérgio Castro e o Álvaro Azevedo fundaram os Trabalhadores do Comércio, vindos do projecto Arte & Ofício, o que vos levou a optar pela língua portuguesa, ou portuense, em detrimento da língua inglesa? Até aqui, nos Arte & Ofício, a língua eleita para as letras tinha sido o inglês…

Sérgio Castro - Exactamente. Nos A&O a maioria dos músicos pensava que sendo o Rock uma expressão musical com origem nos blues americanos, a língua que melhor se lhe adaptava era, por conseguinte, o inglês. Quando no ano 79 os A&O negociavam com uma nova editora o futuro das suas edições discográficas, alguém propôs que passássemos a escrever e a cantar em Português, porque se suspeitava que ia ser a futura moda aceite. Como isso estava basicamente fora de hipótese, contrapropusémos criar outro projecto paralelo, mas com uma pequena 'nuance' que era uma nova linguagem, a qual baptizámos de Portuense e, posteriormente, de 'Nortense'. Digamos que esta foi a génese dos Trabalhadores do Comercio.

C. - Quais foram, no início dos Trabalhadores do Comércio, as vossas maiores influências musicais?

S.C. - Obviamente a música que ouvíamos desde sempre e que tocávamos enquanto membros dos A&O. Mas ao mesmo tempo tentámos afastar-nos o mais possível dela. Nos últimos anos as minhas contínuas viagens a Londres tinham-me ajudado a descobrir o Reggae e em 79 eu e o Álvaro estivemos durante uns 10 ou 12 dias consecutivos a curtir Reggae, no 100 Club, no Marquee ou no Electric Ballroom de Camden e, francamente ficámos apanhados pelo estilo. Na realidade julgo que fomos a primeira banda que em Portugal baseava muita da sua música no Reggae. O som duro advinha da preponderância que tinham as guitarras no som dos TdoC, na época.

C. - O vosso primeiro álbum, “Trip’s à Moda Do Porto”, foi gravado em Inglaterra, uma coisa espantosa tendo em conta que estávamos em 1981 e não era muito fácil gravar no estrangeiro. Como é que se proporcionou essa gravação?

S.C. - Realmente a razão foi simplesmente não haver tempo de estúdio disponível nos estúdios onde habitualmente gravavam os artistas da então Polygram e, da nossa parte, não haver paciência para esperar. Como eu conhecia um produtor/engenheiro britânico, Dave Wiley, que trabalhava com os Level 42 e tinha o seu próprio estúdio, propus à editora e lá fomos.

C. - Os Trabalhadores do Comércio sempre se destacaram das demais bandas da sua época, quer pela sua música (um estilo de Rock mais cru e mais a abrir), quer pela sua originalidade e sentido de humor. O que vos levou a incluir, por exemplo, o João Luís Médicis, então com 7 anos, na banda?

S.C. - Digamos que não tivemos outro remédio. A falta de uma voz capaz de interpretar o”Que me dizes au cuncurso?” por parte dos dois membros do projecto (eu e o Alvaro) levou o João a sentir o 'peso da responsabilidade' em tão tenra idade e assumir a tarefa com uma surpreendente dose de profissionalismo. O que começou por uma brincadeira sem outra intenção acabou por se transformar em toda uma imagem de marca contribuindo, provavelmente, para um dos projectos mais originais que algum dia pisaram os palcos portugueses – desculpem-me a falta de modéstia.

C. - Há já alguns anos, alguém definiu o estilo de música dos Trabalhadores do Comércio como sendo Rock à moda do Porto. Estão de acordo com este “rótulo”?

S.C. - Se há algum rótulo que se lhe pode dar à música dos TdoC, esse pode sê-lo, mas não sei se prefiro “Rock à moda da minha rua...”. Julgo que é difícil catalogar a música da banda e isso não deve ser alheio à dificuldade que alguns iluminados da rádio têm em entender aquilo que fazemos à 27 anos. Mas ainda estão a tempo. Enquanto à vida...!!

C. - O vosso grupo foi um dos pioneiros do Rock em Portugal, fazendo parte do grande boom da música moderna portuguesa que aconteceu na década de 80. A cidade do Porto foi, nesse período, bastante prolífera em bandas, das quais posso destacar os Trabalhadores do Comércio, os Táxi, os GNR, os Ban, entre outras. Deve ter sido um período excitante para fazer música, um período onde a criatividade parecia fluir naturalmente, uma vez que tudo estava ainda por criar. Podem descrever um pouco o ambiente que se vivia no meio musical do Porto dos 80s?

S.C. - Sem dúvida que foi excitante, mas já o era nos anos 70. Eu e o Álvaro já tínhamos inclusivamente provado a excitação dos 60 também. Mais ele do que eu, com os famosos Pop Five, também do Porto. Curiosamente não tínhamos essa sensação nos 80 e, inclusivamente, parecia-nos que tudo era bastante mais pobre musicalmente que nas décadas anteriores. Hoje tenho uma visão ligeiramente diferente e não há dúvida que o testemunho de nomes como Xutos, GNR ou o Rui Veloso, demonstram que apareceu gente com muito talento por essa época. Mas não só.

C. - Para vocês quais são as maiores diferenças entre ser um músico nos anos 80 e ser músico hoje em dia, em Portugal?

S.C. – Creio que as principais diferenças estão primeiro na formação e depois nas condições de trabalho. De resto a falta de respeito das instituições, nas sua maioria, pelos músicos, continua a ser uma disciplina pendente, só disfarçada quando dão conta de que podem sacar benefícios, políticos ou económicos, da actividade dos artistas.
Sem dúvida a proliferação de academias a vários níveis, complementar e superior, o acesso a cursos e workshops, a existência de vídeos tutorais de grande qualidade e variedade, a integração de Portugal na UE e a democratização dos instrumentos e dos equipamentos de som, contribuíram exponencialmente para a melhor formação musical das juventudes posteriores à década de 80.
Esta mesma democratização também permitiu uma mais rápida e melhor profissionalização das empresas de serviços, pelo que os palcos, os PAs, os sistemas de iluminação, os técnicos que os operam, os 'managers', os 'roadies', toda esta gente contribuiu para facilitar a vida a uma grande parte dos músicos. Claro que há sempre o reverso da medalha e os custos adicionais a que tudo isto levou, criaram dificuldades a alguns projectos e também distintos 'estratos' de músicos/artistas.

C. - Qual é a vossa opinião sobre o panorama musical nacional da actualidade?

S.C. - Parece estar num período de verdadeira ebulição (esteve quase para ser o título do nosso último álbum). Há toda uma nova geração de criadores, uma enorme quantidade de distintas correntes que coabitam, a mestiçagem trazida por toda uma parte da sociedade Portuguesa que descende dos africanos que escolheram Portugal para viver após a independência das ex-colónias. Também o reconhecimento que, por fim, cada vez mais músicos portugueses vão tendo fora das fronteiras, contribui para o crescimento da mentalidade musical dos mesmos e da comunidade musical em geral. Assim que o momento é de franca “Iblussom”.

C. - Depois de 1995, com a edição do “ O Milhor dos Trabalhadores do Comércio”, assistiu-se a um longo silêncio da vossa parte. O que vos levou, 12 anos depois, a juntarem-se para gravarem um novo álbum?

S.C. - A perfeita conjugação de todos os astros no firmamento. Na realidade já nessa altura (96) começámos a trabalhar para um novo disco. Tanto que em 'Iblussom/Cumpilatoriu' há dois temas quase integralmente gravados na época e em fita analógica – 'P.Q.M.D.Q.U.' e 'Apunhalasta minha main' – e outro cuja base foi criada e gravada nessa mesma altura – 'Loucu'. Só que muitas coisas não aconteceram como deveriam e entretanto cada um teve mais que fazer. E neste grupo há uma condição fundamental que deve ser respeitada: a formação original tem que estar na equação. Por isso quando de novo tudo fez sentido, pusemos mãos à obra.

C. - O que podem os fãs esperar deste novo álbum? O que traz ele de novo aos Trabalhadores? O seu título, “Iblussom”, parece sugestivo…

S.C. - Ou talvez que pode trazer Iblussom à música e ao público que nos atura. Essa é a tal pergunta que nós não podemos responder. Nós pensamos que já fizemos a nossa parte: escrevemos os temas e os arranjos, interpretámos as canções o melhor que fomos capazes, preocupamo-nos em conseguir a melhor sonoridade e para isso gastámos dinheiro em bons estúdios, com espaços acústicos irrepreensíveis e equipamentos de superior qualidade, onde nos permitimos tocar o mais 'ao vivo' possível. Acima de tudo queríamos ter muito 'groove' nas nossas interpretações, mais do que perfeição de execução, que acaba por ser uma espécie de histeria colectiva no seio da comunidade musical. E, inclusivamente pedimos ajuda a uma quantidade de amigos que consideramos serem alguns dos mais significativos músicos activos na cena Portuguesa, e não só, para enriquecer o trabalho. O tempo há-de dizer da sua justiça.

C. - Depois de uma carreira com já com 27 anos, consideram-se uns Dinossauros do Rock português?

S.C. - Penso que isso começa a ser um lugar comum. Se ser dinossauro é uma “qualidade” inerente ao facto de termos mais anos de actividade com a mesma formação que outras bandas, ainda que intermitente, pois sim. Se isso pode querer significar que estagnámos no tempo, pois considero que não. Além disso, quanto mais constato que a música desta década é uma decalcomania da dos 70, mais me convenço que nós éramos os que estávamos verdadeiramente adiantados ao nosso tempo.

C. - 27 anos a dar concertos equivale a muitos quilómetros de estrada percorridos. Devem ter, com certeza, várias histórias engraçadas para contar. Não querem deixar aqui no Combo uma ou duas para os fãs?...

S.C. - Julgo que por alturas de 1981, fomos tocar a Bragança, onde tradicionalmente se faziam concertos incríveis. Eu já tinha estado pela zona muitas vezes com bandas como Rocka, Psico ou Arte & Oficio. Creio que com os Trabalhadores era a primeira ou a segunda vez que ali estávamos. O concerto foi fantástico, com todo o tipo de acontecimentos hilariantes, e durou mais de duas horas, para o que tivemos que 'inventar' literalmente temas para poder continuar a tocar. Assim surgiu a ideia original de 'Febras de Sábadà noite'. Depois de uma grande mariscada como primeiro prato, oferecida por um ex-companheiro de tropa do Álvaro, alguns, o Botija dos PAs entre outros, ainda foram capazes de 'dar-lhe' às febras no fim da enorme comezaina que antecedeu a actuação. Por isso, no palco, improvisamos um funk e fui gritando uma receita de febras com batatas fritas ou algo pelo estilo.
No dia seguinte, uns rapazes de Vinhais, que tinham estado no concerto, cumpriram o prometido e vieram-nos buscar para nos levar à quinta da família, onde produziam bom vinho e bons chouriços. Foi aí que um avô de cabelo bem alvo, com uns vivíssimos olhos azuis, apesar da bem avançada idade, nos cantou as quadras do 'Roxinole': “u roxinole cuandu caunta, metu rabu na silbeira; u roxinole cuandu caunta, metu rabu nasilbeira; eu também metiò meu, numa menina sulteira, eu também metiò meu, numa menina sulteira”. Enquanto isto cantava segurava a mão da garota que ainda hoje partilha a vida comigo. Escusado será dizer, que os netos não cabiam no seu assombro e não paravam de se desculpar. A nós tudo isto nos pareceu tão genuíno e genial, que semanas mais tarde incluíamos a nossa versão no álbum NaBraza.


C. - Sendo já uma banda mítica em Portugal, têm a noção que influenciaram toda uma nova geração de músicos. Que conselhos dariam a um jovem músico em início de carreira?

S.C. - Trabalhar é o único que me ocorre. Trabalhar por algo em que se acredita. Porque isso sim, que é condição fundamental. Acreditar em si mesmos e naquilo que se produz. O resto vai acontecendo por si.

C. - Para finalizar aqui a entrevista, gostariam de deixar alguma mensagem para os fãs?

S.C. - Pois agradecer o apoio que nos dão, quando nos vão ver, quando compram os discos ou visitam o nosso blog (http://ibussom.blogspot.com/), a nossa página web (http://www.trabalhadoresdocomercio.org/) ou o 'myspace'.


Os trabalhadores são: Sérgio Castro – Guitarra e voz;
João Médicis – Guitarra e voz;
Álvaro Azevedo – Bateria;
Miguel Cerqueira – Baixo;
Jorge Filipe – Teclas;

Read more...

domingo, 16 de setembro de 2007





A ENERGIA DO ROCK ‘N ROLL

Energia, rock, originalidade. Três palavras que podem muito bem classificar os BunnyRanch, a banda é formada por Kaló (ex -Tédio Boys, 77 e Wray Gunn) voz/bateria, André Ferrão (ex - Pinks) – guitarra, Filipe Costa (ex- MC Dolls) teclas que mais tarde deu lugar a João Cardoso ( fez parte dos Humanos) e Pedro Calhau (ex. MC Dolls) - baixo.
A banda cujo nome foi inspirado numa famosa casa de alterne norte americana, juntaram-se em Agosto de 2001, Em 2002 dá-se a participação na compilação da Optimus «Pop up Songs» e no final do mesmo ano lançam o 1º E.P. «Too flop to boogie». Depois do E.P. de estreia «Too flop to boogie», os BunnyRanch lançaram o álbum «Trying to Lose», um trabalho que contou com a produção do inglês Joe Fossard e com as participações especiais de Rubyann e Legendary Tiger Man.

Lançaram recentemente, o seu segundo álbum intitulado "Luna Dance" tem 14 faixas e conta com a participação de Gui dos Xutos & Pontapés
o seu single de apresentação é "Inside My Head". Para ficarem a conhecer melhor os BunnyRanch, o COMBO entrevistou a banda.













  • ENTREVISTA:

    Os BunnyRanch formaram-se há quanto tempo? São de onde?
    Há cerca de cinco anos e somos de Coimbra.

    Como é que se formaram?
    Primeiro eu (Kaló) e o André depois veio o anterior teclista (Filipe Costa), seguindo-se o Pedro Calhau e por último o João Cardoso. É o único que não é de Coimbra, movemos montanhas para o termos connosco.

    O que tocam os BunnyRanch?
    Nós somos uma banda de rock ‘n roll.

    Qual o vosso maior êxito até agora?
    Nós não temos êxitos, portanto não nos preocupamos em tocá-lo.

    Qual é a reacção do público à vossa banda?
    Vai variando. Há pessoas mais afectivas e mais receptivas em relação àquilo que nós fazemos. Outras nem por isso, mas está tudo bem, nós tocamos na mesma. Fazemos o nosso trabalho.

    Está prevista a edição de álbum para breve?
    Sim, para Maio do próximo ano teremos um novo disco.

    Como vai ser o disco?
    Ainda não está feito.

    E como definem o primeiro álbum?
    É rock n’roll do século XX, desde os anos 40 até 2007.Somos nós, absorvendo tudo o que existe e já existiu, pondo-nos a fazer várias coisas.

    O vosso percurso tem cinco anos. Como tem sido a evolução do grupo?
    Tem sido bom, acho que estamos a ficar melhorzitos... Se não fosse é que era mais complicado. Temos tido altos e baixos, mas temo-nos mantido. Acima de tudo, tenho sentido que há um certo equilíbrio.

    Como banda de Coimbra, costuma tocar muitas vezes no distrito, ou mais na própria cidade?
    Mais em Coimbra, cidade. Mas, curiosamente já temos feito coisas no distrito.

    E em festivais?
    Sim, também. Já actuámos em todos. Super Bock Super Rock, Paredes de Coura, Sudoeste, Vilar de Mouros.


    Qual foi o vosso melhor concerto?
    Não sei, sinceramente não sei.

    Quais as referências musicais dos BunnyRanch?
    Música dos anos 50, do rockabilly, do rock ‘n roll, do country, do garage, punk-rock, uma série de coisas.


Ficamos assim á espera de grandes sucessos dos BunnyRanch e que continuem a fazer boa música, para saberem mais da banda visitem: www.myspace.com/bunnyranchspace

Read more...

  ©Template by Dicas Blogger.