sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Heavenwood - Sem pecado não existe redenção!


Após um longo hiato, uma das mais importantes e influentes bandas de Gothic Metal da Europa está de volta com um novo álbum.
O Combo esteve à conversa com Ricardo Dias, um dos fundadores dos já míticos Heavenwood, e tentou saber o “porquê” deste tão aguardado regresso…






C- Depois do sucesso atingido com o Swallow, que foi lançado em 1998 e que vos projectou imenso a nível internacional, os Heavenwood remeteram-se ao silencio. O que levou a esta, tão longa, paragem?

Este “ Stand-by “ foi efectivamente uma opção consciente pela parte dos HEAVENWOOD em termos de edições discográficas, o grupo efectuou alguns concertos pontuais de forma a “ manter a chama acesa “ no entanto existiram algumas situações que nos obrigaram a tomar em conta o lema “ Pare, Pense e Escute “
Apesar de “ Longa “ o facto é que os HEAVENWOOD com apenas 2 albuns criaram um culto a nível europeu, esse culto é o reflexo de inúmeros mails, comentários e solicitação da banda em 2008, estamos efectivamente orgulhosos do que fizemos com o “ DIVA “ e “ SWALLOW “ e acreditamos que o novo álbum “ REDEMPTION “ será tão ou mais importante que os nossos álbuns anteriores.


C- Qual a vossa motivação para o regresso ao estúdio, e aos palcos, depois de 10 anos sem lançar material original?

Mais que uma mera Paixão musical…Amor Musical!
HEAVENWOOD foi, é e será parte dos seus membros, actualmente reduzido ao “ Trio-Locomotiva “ que desde sempre conduziu esta máquina a vapor humana.
O facto de sentirmos que o grupo não foi esquecido durante este período também foi motivador para quase dois anos de trabalho, pré-produção, gravação de “ Redemption “

C- Desde a fundação dos Heavenwood que a banda tem sofrido várias mudanças de formação. O que levou a essas mudanças?

Talvez porque nem todos os caminhos nos levem a ROMA.
O chamado “ núcleo duro “ esteve sempre presente no seio dos HEAVENWOOD e essa é a fórmula para a nossa sonoridade / composições / conceito lírico. Enquanto assim for então assim sempre será!


C-O que podem os fãs esperar deste novo álbum: Redemption?

Os HEAVENWOOD em todo o seu esplendor, sinceramente sempre nos preocupamos em fazer temas simbólicos de uma fase ou década. Não estamos interessados em compor música volátil uma vez que temos personalidades fortes assim nos é exigido por nós próprios escrever e compor temas com toda a nossa alma e circunstâncias da vida.
“ Redemption “ simboliza estes anos de hiato, desmistificamos algumas alusões à banda e, francamente falando, demonstramos que é possível fazer um bom trabalho com reflexo no mercado internacional em termos de Metal, como em tudo na vida há que solidificar a base para chegar até bem alto ou filosoficamente falando “ rastejar como uma serpente para então mais tarde voar como uma águia “


C-Neste novo álbum encontram-se várias participações especiais de alguns pesos pesados da música. Como foi se processou a “recruta” destes músicos?

Estamos muito orgulhosos pelo facto de pessoas tão importantes no panorama Heavy terem compreendido, gostado e aceite o nosso ponto de vista musical… a nossa alma lusa. No caso do Jeff Waters dos ANNIHILATOR pretendemos associar um músico lutador… um guerreiro que contra tudo e todos ainda se mantém de pé, uma influência em diversos músicos do panorama metálico internacional tal e qual o foi e é para nós. O tema “ Bridge to Neverland “ tinha obrigatoriamente de ter um solo Jeff Waters!
Quanto ao fantástico Guitar-Hero GUS G da Grécia no tema “ One Step to Devotion” a questão simbolismo mais uma vez posta em prática ao respeitarmos as mais importantes culturas ao longo dos séculos, estando a grega logicamente incluída.
Temos ainda o nosso estimado amigo TIJS VANNESTE dos Belgas OCEANS of SADNESS no “ Obsolete “ na qual foi uma peça chave para então aproveitarmos um tema que esteve muito perto de ir para o nosso “ caixote do lixo musical “. A sua participação revitalizou e muito este tema!
Para finalizar devo mencionar a preciosa participação e gravação das baterias de “Redemption” pelo Daniel Cardoso dos HEAD CONTROL SYSTEM / ULTRASOUND Studios que é sem dúvida uma peça chave no panorama de músicos e produtores em Portugal.


C- Redemption foi gravado em Braga, nos Ultrasound Studios com Daniel Cardoso, e misturado e masterizado na Suécia por Jens Bogren ( Opeth, Katatonia, Amon Amarth, Soilwork, etc. ) no Fascination Street Studios ( Suécia ). A que se deveu esta escolha?

Uma questão de juntar o útil ao agradável, mais uma prova de que os Portugueses têm todas as condições para produzir um álbum de calibre internacional.
O Daniel Cardoso demonstrou um interesse especial em colaborar com os HEAVENWOOD e, pessoalmente falando, considero a nível de Produção o mais indicado em Portugal para bandas do género. Tentamos acima de tudo trabalhar em parceria no que respeita à Produção de “ Redemption “ uma vez que tivemos cerca de um ano em fase de Pré-Produção, o que nos permitiu limar várias mas nem todas as arestas. A Pré-Produção é um factor chave se um grupo pretende produzir e gravar um disco para a prosperidade, significa dedicação ou entrega, significa maturidade, experiência e sapiência musical. Quanto ao Jens Bogren acabou por ser também ela uma surpresa ao aceitar misturar e masterizar “Redemption”, inclusive mergulhando em alguns temas e também ele limando algumas arestas de forma a que 100% de satisfação fosse obtido por todos envolvidos. Foram 10 dias intensos em Orebro (Suécia) onde dia-a-dia trabalhava tema a tema de manhã à noite. O Formato analógico foi deveras importante para a nossa expansão ou “abertura” do espectro sonoro e sem sombra de dúvidas que essa foi a “razão-chave” para elegermos o JENS BOGREN para misturar e masterizar este álbum, está muito orgânico o que permite transmitir cada paisagem musical que os nossos temas abordam em termos líricos e instrumentais.
O FASCINATION STREET STUDIOS reúne todas e mais algumas condições para quem pretende terminar um álbum para a prosperidade!


C- A relação com a vossa anterior editora, Massacre Records, responsável pelo lançamento dos dois primeiros álbuns dos Heavenwood, foi um pouco atribulada. Como se processaram as negociações com a Recital Records? Estão satisfeitos com esta editora?

Sim estamos muito satisfeitos com o trabalho até á data desenvolvido por toda a equipa RECITAL RECORDS. Não foi uma questão de 2ª opção mas sim uma questão de ter sido a editora que nos ofereceu as condições necessárias para lançarmos “ Redemption “
Muito provavelmente o álbum mais caro em termos de investimento feito em Portugal neste segmento musical até á data mas “ o que tem de ser tem muita força “ !
Jamais iríamos coroar os nossos velhos e novos fans com um álbum gravado em más condições, misturado e masterizado também em más condições quer a nível de sonoridade, quer de design ou fotografia. Vejo este álbum como uma espécie de “Blade Runner” de modo que nos identificamos bastante com a filosofia do Ridley Scott ou do David Lynch na questão “ pouco mas bom “! A RECITAL Records celebra 10 anos e, nas palavras do seu dono Manuel Teixeira, “ Está na hora de dar mais um passo! “


C- Desde o lançamento do Diva, em 1996, que os Heavenwood são apontados como uma das melhores bandas a sair de Portugal. Alguma vez sentiram essa pressão?

Sinceramente não, talvez teria sido importante sentir essa pressão… fomos e somos naturais, alguns chamam de inocência ou imaturidade o que discordo plenamente!
Damos muito valor á questão ARTE e á questão PALAVRA, ao analisarmos estes valores entendemos o porque é que os HEAVENWOOD ainda existem no coração de milhares de Fans pelo mundo fora até à data, pois o impacto que criamos no panorama não foi em vão. Por outro lado infelizmente, e como se tem comprovado, existe uma ansiedade pela parte dos grupos em Portugal em querer vingar seja de forma for e esse não é o caminho! “Nem tudo o que reluz é ouro” e quer queiram quer não quem é apaixonado por música sente isso ao escutar uma banda com a qual se identifique ou não… se ela tocar bem lá no fundo e houver um processo de identificação musical e em termos de mensagem então a ponte foi efectivamente construída entre ambos e uma ponte chamada “ Para o Sempre “


C- Em 1998 os Heavenwood tornaram-se a primeira banda Portuguesa a tocar no Wacken Open Air Festival, o maior festival de Metal da Europa. O que sentiram ao pisar o palco?

Um misto de Alegria, Orgulho, Medo.
Alegria pelo facto de estarmos presentes num Festival tão importante perante milhares de fans de Heavy Metal de todos os cantos do mundo permitindo compartilhar momentos com fans que pela primeira vez viram os HEAVENWOOD ao vivo.
Orgulho por “ espetar a nossa bandeira “ naquele terreno e exprimir toda a nossa arte e raízes lusas de forma a milhares de fans de HEAVY METAL saberem que Portugal também tem cartas para dar neste mercado internacional.
Medo pelo facto de ao mesmo tempo estarem a actuar os GAMMA RAY o que se revelou indiferente pois nesse preciso momento o local estava completamente cheio!


C- Os Heavenwood, ao longo de toda a carreira, tocaram em vários países e partilharam o palco com várias bandas. Quais os concertos que mais vos marcaram (quer pela positiva, quer pela negativa) e quais foram as bandas com que mais gostaram de tocar?

A Tour que funcionou melhor em todos os aspectos foi sem sombra de dúvida a que efectuamos com os THEATRE OF TRAGEDY e com os LAKE of TEARS.
A tour com os IN FLAMES também ela foi uma tour de “ surpresas e revelações “ pois foi primeira vez que muitas fans europeus viram ambas. Pessoalmente senti que os IN FLAMES iam muito mas muito longe mesmo, tive ainda oportunidade de ouvir a “Demo” de um projecto na altura chamado HAMMERFALL.
Pela negativa nada tenho a apontar, para mim tudo é uma experiência, lições para serem tomadas neste caminho que se chama vida.


C- Gostaria, agora, de vos propor um pequeno desafio. Como apresentariam, a quem não conhece os Heavenwood, os seguintes álbuns:

Diva:
Um quadro musical recheado de sentimentos nostálgicos, melancólicos, puro na verdadeira essência da palavra, um misto de influências que dá origem a uma sonoridade característica, tal e qual foi apelidado por imensas revistas europeias.
Uma Lufada de Ar fresco e uma grande surpresa como primeiro álbum para fans de Metal, Gothic e Rock em 1996

Swallow:
Um passo na maturidade musical, uma visão mais individual do termo “ Sentimento “ ou relação a dois. Exploração da nossa vertente mais Gothic-Rock, temas mais simples, directos e um grande desafio ao combinar as vozes de Liv Kristine e Kai Hansen com HEAVENWOOD nos temas “ Downcast “ e “ Luna “ em 1998

Redemption:
Um Caixa de Pandora, uma grande metáfora musical para ser lida e escutada! Tudo...mas tudo faz sentido neste álbum!


C- Como vêm o panorama musical nacional da actualidade?

“Muita parra pouca uva”.
Da “pouca uva” a esses sim, tiro o meu chapéu!


C- Que conselhos dariam a um jovem músico em inicio de carreira?

Personalidade Musical leva o seu tempo a ser criada, hoje em dia existem um sem número de pontes que dão acesso a milhões de ouvintes da tua música, a oferta é enorme de modo a que aconselho vivamente a que desenvolvam uma personalidade musical.
Não me refiro a originalidade, o ser original é subjectivo nos dias de hoje, mas ser verdadeiro e único com as mesmas ferramentas, sim… isso é possível. Evitem ser cópias de fotocópias se pretendem vingar.


C- Para finalizar a entrevista, gostariam de deixar alguma mensagem para os fãs?

Obrigado pela fidelidade, Obrigado pelas palavras de apoio e estímulo recebidas até ao momento pois “ Redemption “ é dedicado a todos os que até á data viveram com os HEAVENWOOD na sua biblioteca musical e sentimental!
Visitem o nosso Myspace oficial em www.myspace.com/heavenwood para estarem a par de todas as novidades dos HEAVENWOOD.


C- Muito obrigado pela entrevista e boa sorte para o lançamento do Redemption, que certamente será um sucesso.


Os Heavenwood são:
Ricardo Dias- Voz e Guitarra
Ernesto Guerra- Voz
Bruno Silva- Guitarra

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